O ombro nos esportes de arremesso
Os esportes de arremesso são aqueles em que se utilizam movimentos balísticos com os membros superiores, nos quais um objeto, ou o próprio membro, é lançado para longe de seu centro de gravidade. Fazem parte desse grupo, vôlei, basquete, tênis, handebol, natação, arremesso de peso/dardo, entre outros. Em todas essas modalidades, estresse mecânico repetitivo é aplicado em posições de mobilidade extrema da articulação do ombro. Como resultado, ocorre uma adaptação da biomecânica da articulação, podendo resultar em lesões de suas estruturas anatômicas.
O gesto esportivo de arremesso é dividido em 5 fases: posicionamento, preparação, armação precoce/tardia, aceleração e desaceleração. O desfecho do movimento envolve a ação do ombro, cotovelo, punho e mão, enquanto a preparação se dá com a participação dos pés, joelhos e quadris, transmitindo energia através do tronco. Deficiências em qualquer uma dessas estruturas podem interferir na mecânica do arremesso e reduzir sua eficiência.
Em relação às adaptações que ocorrem com o ombro do atleta arremessador, observa-se um aumento significativo na amplitude da rotação externa (fase de armação tardia), podendo ocorrer, em contrapartida, uma redução na mobilidade do ombro para a rotação interna, possivelmente em decorrência da tensão exercida na região posterior e inferior da cápsula articular durante a fase de desaceleração.
Em alguns casos, a perda da rotação interna não é adequadamente compensada pelo ganho de rotação externa, resultando em problemas para o bom funcionamento da articulação durante a execução do arremesso. Como consequência, podem ocorrer discinesia escapular (alteração do posicionamento ou da mobilidade da escápula), lesões do manguito rotador ou lesões do labrum.
Quando a alteração é diagnosticada ainda na fase anterior à instalação das lesões citadas acima, existe boa resposta ao tratamento com reabilitação em fisioterapia, alongamento da cápsula posterior e trabalho de correção e repadronização da mobilidade escapular. Nas situações em que são evidenciadas lesões estruturais, pode ser necessária a abordagem cirúrgica para reparo das estruturas afetadas e restabelecimento da anatomia do ombro.
A dor ocorrida durante a execução do arremesso, assim como a redução de sua eficiência, devem ser encarados como sinais de alerta para essas alterações no ombro do atleta arremessador.